Nos últimos dias o termo “black swan” se fez presente no mercado financeiro, termo este, que vem sempre acompanhado de uma dúvida sobre o futuro. Será que estamos presenciando um colapso econômico?
A tradução da expressão “black swan” significa cisne negro, que faz referência a eventos imprevisíveis que vão além do que normalmente é esperado de uma situação, gerando alto impacto no mercado financeiro.
O surgimento da COVID-19, no final do ano passado, é considerado um black swan. Um evento totalmente inesperado que tem causado instabilidade no mundo inteiro, inclusive na economia.
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Como identificar um colapso econômico?
A teoria econômica descreve várias fases pelas quais uma economia pode passar.
Um ciclo econômico completo envolve a alternância de períodos de crescimento. O ciclo com início em um movimento de depressão, segue para posterior expansão, seguido de um pico e, em seguida, uma contração que o leva de volta à depressão.
Um colapso econômico, porém, é um evento extraordinário que não é necessariamente parte do ciclo econômico padrão, mas pode ocorrer drasticamente e a qualquer momento, levando às fases de contração e recessão repentinamente.
O colapso é percebido analisando a movimentação do mercado. Observe o gráfico a seguir:
O gráfico demonstra a variação do Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, entre 30/12 de 2019 a 20/03 de 2020.
Nele é percebido o fluxo de queda, causado por um evento que não é diretamente econômico.
Ao analisar apenas o gráfico e a motivação para o direcionamento à depressão, o atual momento poderia ser categorizado como um colapso econômico. No entanto, este gráfico não é suficiente para se chegar a esta conclusão. Afinal, a economia responde a expectativas.
A atual expectativa do mercado é de uma recessão global, o banco de investimentos Goldman Sachs, por exemplo, reduziu as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) da China que previa um crescimento de 2,5%, para uma nova previsão de retração de 9% no primeiro trimestre de 2020.
Isso diz muito sobre a economia global e também sobre a economia brasileira, afinal, a China é o maior importador mundial de diversos produtos brasileiros. Consequentemente, o enfraquecimento da economia chinesa será sentido na economia aqui do Brasil.
É possível prever um colapso econômico?
O colapso econômico é resultado de um evento inesperado, sendo assim, não é possível prevê-lo. No entanto, é possível analisar cenários para compreender as possíveis movimentação do mercado e assim proteger seu patrimônio.
1º Sinal – Curva Invertida
A Curva Invertida é uma representação gráfica que mostra a curva de juros com a rentabilidade de qualquer Título de Dívida de um país ou empresa, ao longo do tempo.
A curva em um “estado saudável” prevê títulos longos com juros mais altos, este é um sinal de confiança.
A curva invertida é o contrário, ou seja, ocorre quando os investidores estão dispostos a aceitar retornos mais baixos sobre títulos de dívida de longo prazo, por uma questão de proteção do capital e segurança. Sendo este um sinal de falta de confiança no mercado.
Tudo isso tem a ver com risco e a confiança que os investidores têm na economia, por isso, é importante analisá-la para entender o cenário. Saiba mais sobre a curva invertida, movimento este, que aconteceu nos Estados Unidos em 2019.
2º Sinal – Complacência
O mercado é também movido pela emoção, e a compreensão sobre o sentimento do mercado é fundamental para entender qual a melhor decisão sobre os investimentos.
Em geral, o sentimento positivo é consistente com um mercado crescente, e o sentimento negativo é indicativo de um mercado em baixa.
Vários fatores podem influenciar esse sentimento. Um exemplo atual são os circuits breakers que aconteceram nos últimos dias, provocados pelo sentimento de pânico dos investidores em relação ao coronavírus.
Por outro lado, se for desenvolvida uma vacina para a COVID-19 provavelmente o mercado entrará em euforia, uma vez que este é um sinal de segurança e assim uma alta dos mercados se torna mais previsível.
Um indicador comum usado para analisar esse sentimento é o VIX – Índice de Volatilidade CBOE, também conhecido como “índice de medo”.
Quando o índice é alto, indica incerteza mais considerável e possibilidade de mudança significativa nos preços das ações. Quando o sentimento de mercado é baixo, projeta a estabilidade do mercado.
3º Sinal – Qualidade do crédito
A economia funciona na base do crédito para empresas grandes, pequenas e também para as famílias. Quando o crédito está em expansão, significa que a economia está crescendo e tudo está bem.
Mas isso contando que o desempenho do crédito permaneça estável e os tomadores tenham capacidade de pagamento das suas obrigações. Uma deterioração no desempenho das empresas e dos empregos, compromete a adimplência dos empréstimos e isso se torna um sinal de problemas e volatilidade para o mercado de ações.
Por isso, é importante analisar a qualidade do crédito para perceber estes sinais na economia.
Em dezembro de 2019 o Banco Central previu uma alta de 8,1% no estoque de crédito para 2020. Além disso, a inadimplência caiu 0,1 ponto percentual em 2019, a 3,7%, menor nível da série histórica iniciada pelo BC em março de 2011.
Estes dados de dezembro do ano passado representavam certa positividade, no entanto, o mercado não esperava pela pandemia do Coronavírus.
O momento atual é o que reforça a necessidade de isolamento social, fato que causa diminuição da produção e dificuldades financeiras para muitas empresas e famílias, prejudicando sua capacidade de cumprirem com o pagamento de dívidas.
Por isso o efeito cisne negro tem o poder de abalar as estruturas do mercado, causar instabilidade e provocar um colapso econômico.
O preparo e prevenção antecipada pode ajudar bastante as empresas e pessoas a montarem reservas de emergência para preservar seu capital e se manter em segurança.
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Equipe Edu Moreira
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Eduardo Moreira
Eleito um dos três melhores economistas do Brasil pela Revista Investidor Institucional, Eduardo Moreira foi apontado pela Universidade da Califórnia como o melhor aluno do Curso de Economia nos últimos 15 anos. Autor de diversos best-sellers, Eduardo foi o primeiro brasileiro a ser condecorado pela rainha Elizabeth II no Castelo de Windsor, em junho de 2012.
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