22 de outubro de 2018

Os efeitos da inflação sobre suas finanças pessoais

Os efeitos da inflação sobre suas finanças pessoais

A vida econômica de qualquer ser é impactada pela inflação. Sempre ouvimos falar isso e geralmente achamos que essa taxa alta não quer dizer algo bom. Conheça os efeitos da inflação nas suas finanças.

A inflação, tecnicamente, é representada por um índice que mede como os preços, de maneira geral, estão variando na economia. Essa variação é representada em porcentagem e diz respeito à média dos preços em determinado período.

E os preços não sobem de maneira uniforme na economia: alguns produtos ficam mais caros e outros continuam custando mais ou menos o mesmo. Algumas coisas ficam até mais baratas.

Por exemplo, se você vai ao supermercado e compra arroz por R$ 2,00 e em dia e volta dias depois e a mesma marca de arroz está por R$ 3,00, isso acontece por causa da inflação. Quando ela chega a zero, diz-se que há estabilidade nos preços.

A inflação pode acontecer por três motivos:

1. Emissão muito grande de dinheiro por parte do governo;

2. Demanda por produtos que não tem grande capacidade de produção para acompanhar o crescimento;

3. Aumento nos custos de produção.

Como a inflação afeta, efetivamente, o seu bolso

O exemplo do supermercado é o melhor para explicar essas situações porque é quando podemos ver, mais claro do que nunca, como a inflação afeta o nosso dia-a-dia.

O preço da maioria dos produtos fica mais caro, enquanto o nosso salário e orçamento disponível para gastar na feira permanece o mesmo. Você se lembra da crise do tomate em 2013?

Diante disso, você tem duas saídas: gastar mais para comprar a mesma quantidade de alimentos/produtos ou diminuir a quantidade e gastar o mesmo de antes. Na prática, a inflação faz com que seja necessário mais dinheiro para comprar uma mesma coisa que foi comprada no mês anterior.

Geralmente o que acontece nessas situações é a diminuição dos produtos e a troca por produtos mais em conta ou, então, a criação de algo caseiro. Dessa forma, o consumidor muitas vezes tem em mãos a possibilidade de minimizar os impactos da inflação.

Pode substituir um produto por outro: se a carne vermelha apresentar uma elevação de preço, pode-se dar prioridade às carnes brancas. A decisão pode ser feita seja por terem sofrido um reajuste menor, seja porque serem simplesmente mais baratas.

Mudanças no dia-a-dia

Sem contar as inúmeras possibilidades de ajustes, como diminuir gastos com lazer, andar menos com o carro e por aí vai. Tudo para se enquadrar à nova realidade de preços.

Outra questão que impacta nesse âmbito é o fato de índices inflacionários serem utilizados para reajustar algumas receitas e despesas importantes.

Podemos usar como exemplos os salários e aluguéis. Muitos sindicatos brigam por reajustes salariais que fiquem acima da inflação, para dar um ganho real aos trabalhadores que representam.

Já os aluguéis, por sua vez, geralmente são reajustados periodicamente (aumento anual, por exemplo) por índices inflacionários, aumentando as despesas.

Em 2017, por exemplo, os principais aumentos de preço no ano foram registrados nos grupos habitação (6,26%), saúde e cuidados pessoais (6,52%) e transportes (4,10%). Na outra ponta, houve queda no grupo alimentação e bebidas (1,67%) pela primeira vez desde o início do Plano Real, em 1994. Ano passado, a inflação registrou alta de 2,95%, segundo o IBGE.

Inflação nos investimentos

Se você tem algum dinheiro investido, saiba que a inflação pode mudar completamente as “regras do jogo”. O efeito dos juros compostos faz com que qualquer variação percentual (seja 1%, 2% ou 4%) nos rendimentos tenha um impacto enorme no futuro.

A inflação altera o ganho real. Ou seja, se você tem um investimento que rende 10% ao ano, temos sempre que ter em mente que o ‘ganho real’ não vai exatamente ser este.

À medida que o dinheiro rende, a inflação faz com que os preços dos produtos e serviços também aumentem. Assim, se a inflação neste mesmo período for de 8%, o seu ganho real foi de, na verdade, de apenas 2%! A inflação corrói não somente o seu poder de compra no presente, mas no futuro também.

Por isso que é tão importante sempre rever os seus investimentos, pois o aumento de juros faz com que produtos financeiros antes interessantes se tornem um mau negócio.

Por exemplo: a poupança que era uma boa opção, atualmente está ‘entregando’ rendimentos bem abaixo de outras opções de renda fixa no mercado.

A inflação pode impactar positivamente no seu bolso

efeitos da inflação no dia a dia

Deflação, um declínio geral persistente dos preços, pode parecer positiva a ideia de ser capaz de comprar mais com o mesmo dinheiro é sempre atraente. As consequências da deflação para os trabalhadores, as empresas e a economia global seriam terríveis:

Com a queda contínua e persistente dos preços, criam-se perspectivas para os consumidores, que pensam que os custos dos produtos podem continuar a diminuir e, portanto, preferem esperar e depois gastar o seu dinheiro, então não consomem.

Como não há consumo, os produtos criados por empresas não vendem. Isso é muito ruim para a indústria de um país, porque paralisação de demanda faz com que, mais uma vez, tenha que baixar os preços para estimular a compra.

Neste momento, a empresa vê lucros reduzidos e tem de reduzir o número de produtos feitos. E assim, menos trabalhadores são necessários para produzir e, então, muitos funcionários são demitidos.

Como e quem pode controlar a inflação

Quem controla a inflação é o Governo. O controle passa por medidas de aperto fiscal e monetário. Ou seja, gastos públicos mais baixos, impostos mais elevados e juros mais altos.

No curto prazo, essas decisões ajudam a conter a demanda por bens e serviços e uma demanda mais baixa para uma dada oferta no curto prazo faz com que o ritmo de aumento dos preços seja menor. Isso quase sempre tem um impacto recessivo na economia.

Portanto, controlar a inflação tende a envolver sacrifícios no curto prazo, como crescimento mais baixo e desemprego mais alto.

A inflação alta no longo prazo é resultado de problemas fiscais. E eles fazem com que o país recorra à impressão de moeda para fechar suas contas.

Então, para controlar a inflação, o governo precisa reduzir a necessidade de se financiar com emissão de moeda. Para isso, precisa ajustar suas finanças, cortando gastos e/ou aumentando impostos, num processo permanente.

Há tentativas de governos de controlar a inflação “na marra”. É o tal do congelamento de preços de bens e serviços. O que não é uma boa saída.

Como se proteger da inflação

Como vimos, a inflação destrói o poder de compra do consumidor. Deixar suas economias na forma de dinheiro vivo ou em conta corrente é particularmente custoso em ambientes de inflação alta.

Afinal, o poder de compra desses recursos vai caindo muito ao longo do tempo. Outras aplicações financeiras que pagam juros (como títulos públicos) podem ser uma alternativa para proteção contra a inflação.

A taxa de juros dessa opção tende a subir junto com a inflação, uma vez que investidores demandam retornos mais altos para compensar a perda de poder de compra ocorrida ao longo do tempo.

Os ativos não necessariamente protegem o investidor do risco de inflação, pois se a taxa de juros é fixada no momento do investimento e ocorre uma inflação maior que a esperada o investidor perde. Por outro lado, ele ganha se a inflação ficar abaixo do esperado.

Sendo assim, o melhor é investir em títulos que pagam juros que se ajustam de acordo com a taxa de inflação do período. Por exemplo, o governo brasileiro vende um título chamado Tesouro IPCA+. E esse papel possui um componente que varia junto com a inflação.

Como você se protege dos efeitos da inflação? Conte para nós nos comentários!

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Equipe Eduardo Moreira

Eduardo Moreira
Eduardo Moreira

Eleito um dos três melhores economistas do Brasil pela Revista Investidor Institucional, Eduardo Moreira foi apontado pela Universidade da Califórnia como o melhor aluno do Curso de Economia nos últimos 15 anos. Autor de diversos best-sellers, Eduardo foi o primeiro brasileiro a ser condecorado pela rainha Elizabeth II no Castelo de Windsor, em junho de 2012.

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